January 28, 2025

Fellows Spotlight - Lucas Nobeschi, Principal na DOMO.VC

By Thiago Favero, EVCF Fellow

“Sou otimista sobre o cenário de Venture Capital brasileiro, e não somente o brasileiro mas também o da américa latina como um todo, para os próximos anos. [...] Temos uma grande população, muito consumo de tecnologia não apenas pelas empresas mas pelo consumidor final, temos empreendedores brilhantes atacando diversos problemas e investidores locais com capacidade de ajudar esses empreendedores a transformarem suas empresas em negócios globais.”

Lucas Nobeschi é Principal na DOMO.VC, uma das gestoras de Venture Capital Early Stage mais ativas da América Latina. Engenheiro de Produção formado pelo Instituto Mauá de tecnologia. Lucas traz mais de 5 anos de experiência em tecnologia, onde participou da construção do programa que depois veio se chamar Oracle for Startups, e liderou a estratégia da empresa focada em parcerias com softwares terceiros. Em 2021, ele fez a transição para o mercado de venture capital ao integrar o time da DOMO.VC. Com foco em investimentos B2B Enterprise, nos últimos 3 anos, realizou 7 investimentos, e gerencia um portfólio total de 16 empresas investidas pelo fundo. 


Como uma pessoa que não começou em Venture Capital e entrou já em uma posição de relevância. Que dicas você daria para um profissional que está em outra área e quer vir para a indústria? 

Tenho convicção que a carreira em Venture Capital exige dos profissionais uma formação multidisciplinar. Quando penso sobre minha carreira, sei que exatamente o que me trouxe para essa indústria foi o fato de eu não ter o background típico, ou seja, minha formação não é em finanças. Ter começado minha carreira, e passado alguns anos em uma multinacional de tecnologia, me permitiu conhecer profundamente como uma empresa como essa opera. Meu início em venture capital foi marcado por esse meu histórico. É exatamente essa minha experiência prévia que me permite analisar investimentos de uma perspectiva diferenciada, assim como acompanhar e apoiar as do portfólio com o valor agregado de poder contribuir com base em experiências que eu vivi. Esse é o real smart money. Acredito que cada vez mais as gestoras e fundos de venture capital irão recrutar para seus times profissionais de múltiplas disciplinas. Afinal, os fundos que apresentam as competências e conhecimentos mais completos, contemplando operações, finanças, gestão de pessoas e estratégia de negócios, tendem a ser os mais bem sucedidos. 


Como suas experiências anteriores ajudam na visão que você tem como principal hoje?

Dividindo em dois grandes grupos, minhas experiências passadas ajudam muito na avaliação de novos investimentos e na gestão de portfólio de empresas investidas. De maneira geral, ter tido a experiência de estar em uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, com exposição a sua operação interna e também com seus maiores projetos com clientes finais, me permite analisar investimento em soluções B2B enterprise com o repertório de experiências passadas que proporcionam analogias diretas com a execução atual ou business plan futuro das startups. De uma forma simples, gosto de imaginar que toda startup tem como objetivo final se tornar uma empresa multinacional de tecnologia, com isso, como minha carreira foi construída dentro de uma empresa como essa, consigo compartilhar por experiência prática como funcionam essas empresas e co-construir, e em alguns casos desconstruir, premissas adotadas pelos empreendedores. 


Quais as teses que mais te interessam dentro do universo que você olha hoje?

Meu foco para investimentos segue sendo integralmente B2B Enterprise. Dentro desse contexto, qualquer solução, em qualquer indústria ou vertical, que tenha uma proposta de valor voltada a aumentar produtividade e eficiência de grandes empresas eu analiso. O que busco entender junto ao empreendedor, em ordem de relevância é: se a dor é efetivamente real, se a dor é comum para diversas empresas ou apenas um grupo muito específico, e se ambos os pontos anteriores forem verdadeiros, qual é o potencial de mercado e escalabilidade de entrega. 


Qual o impacto do emerging dentro da comunidade sob a ótica de um líder de uma grande gestora? 

Acredito que o Emerging Venture Capital Fellows reúne profissionais que dentro dos próximos 3 - 8 anos, serão líderes dentro das gestoras que estão hoje, ou então irão fundar suas próprias. Neste cenário, estar conectado com essa comunidade, e as pessoas que fazem parte dela, significa contribuir na evolução desses profissionais hoje, e estar desde já conectados com cada um deles quando assumirem lideranças no futuro. 


Quais seus principais hobbies foram do trabalho?

Atualmente, fui pego pela onda da corrida e tenho dedicado boa parte do meu tempo livre a este esporte. Acredito que algum tipo de atividade física dentro da nossa rotina é muito importante não apenas para o corpo, mas também para nossa saúde mental. Uma segunda atividade que dedico tempo significativo mas que não sei se classifica como hobbie é dar aulas. Eu gosto muito de poder compartilhar conhecimento e experiências, e hoje tenho a sorte de poder ensinar na universidade que me formei, sendo responsável pela matéria eletiva de venture capital para alunos de todos os cursos e períodos da graduação.


Quais as suas perspectivas para o Venture Capital brasileiro nos próximos anos?

Sou otimista sobre o cenário de Venture Capital brasileiro, e não somente o brasileiro mas também o da américa latina como um todo, para os próximos anos. Na indústria como um todo passamos por um ciclo desafiador nos últimos três anos, mas um dos principais resultados de momentos como o que estamos vivendo é o de uma maior qualidade de investimentos e retornos. Voltando para meu sentimento sobre o Brasil, e a região, ainda temos muito o que crescer quando comparados com outras regiões do mundo. Temos uma grande população, muito consumo de tecnologia não apenas pelas empresas mas pelo consumidor final, temos empreendedores brilhantes atacando diversos problemas e investidores locais que com capacidade de ajudar esses empreendedores a transformarem suas empresas em negócios globais. Dito isso, temos espaço e mercado para crescer, sendo assim um terreno fértil para bons resultados.